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Retrato a óleo de António da Costa Guimarães
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«António da Costa
Guimarães, o fundador
Nascido
em 1832 na freguesia de Travassós,
no concelho de Fafe, António da
Costa Guimarães começou como aprendiz no comércio de linhos, instalando-se como
comerciante de tecidos em 1854. Aos 30 anos já dispunha de uma rede de teares
manuais de dimensão industrial e tornou-se num dos mais influentes negociantes
de Guimarães. Foi vereador e dirigente associativo.
Participou
nas exposições internacionais e os seus produtos foram premiados pela alta
qualidade. Sensível à inovação tecnológica, e ao contrário dos seus pares, não
contratou mestres estrangeiros para administrarem a sua Fábrica, antes investiu
na formação de um empregado da sua máxima confiança, que enviou para Manchester
para aprender mecânica têxtil e acompanhar a instalação da primeira linha de
teares mecânicos de tipo Jacquard.
Do casamento com Maria
Josefa da Silva Mattos
nasceram os filhos Anna Emilia da Costa, Maria d’Oliveira Costa, Amelia da
Conceição Costa, Maria Margarida Costa, José Miguel da Costa Guimarães, Simão
da Costa Guimarães, Álvaro da Costa Guimarães e Francisco d’Assis Costa
Guimarães.
Em 1859, aos 27 anos, foi
chamado à direção da Assembleia Vimaranense, então presidida pelo Visconde de Pindella. O nome de António da Costa Guimarães
consta ainda da relação dos instituidores
da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (1866) tinha 34 anos, e
figura como secretário efetivo do Conselho Fiscal da direção de 1890 do Banco
de Guimarães (58 anos).
Entre 1878 e 1880 António
da Costa Guimarães foi indicado para as listas à Câmara Municipal. O industrial
irá acompanhar o presidente António Coelho da Mota Prego (advogado e
proprietário) integrando o executivo municipal entre 1878 e 1880.
Afastou-se
da política para se dedicar apenas à fábrica. O próximo membro da família a
integrar as listas do município seria o filho mais velho, José Miguel, afeto ao
Partido Regenerador, que acompanhará o Conde de Margaride como vereador
substituto nos anos de 1888 e 1889. Sucedem-se novos mandatos em 1893 e
1894/1898, como vereador, sob presidência de António Coelho da Mota Prego. Esta
proximidade aos centros de decisão política terá, certamente, reforçado a
notoriedade social e posicionado a família no seio da mais insigne elite vimaranense.
Sugere-se,
a este respeito, a leitura do artigo “Guimarães entre 1853 e 1901: um
apontamento político e social”, de Francisco Brito, publicado no Boletim de
Trabalhos Históricos (2014).38 BOLETIM DE TRABALHOS HISTÓRICOS 2017
António
da Costa Guimarães faleceu aos 60 anos, em Guimarães, no dia 5 de novembro de
1892, na sequência de uma
doença cardíaca. O seu funeral foi muito participado e noticiado.
“Fallecimento
– Victimado aos estragos d’uma lesão cardiaca, falleceu esta noite o illustre
senhor Antonio da Costa Guimarães, acreditado negociante e prestimoso
industrial d’esta cidade, onde montou a excellente fabrica de tecidos de linho
do Castanheiro, que, se honrou a sua arrojada iniciativa, mais honra ainda,
pela excellencia dos seus productos, a importante industria vimaranense a que
veio abrir mais largos horizontes.
“O
sr. António da Costa Guimarães, que às suas qualidades de exemplar chefe de familia
reunia os dotes d’uma irreprehensivel austeridade de caracter, d’uma inconcussa
probidade e d’uma inapreciavel energia trabalhadora, era aqui e em toda a parte
onde era conhecido, geralmente estimado e apreciado como o são sempre todos os
homens de bem.
A
toda a sua desolada familia, e especialmente a seu filho e sócio, José Miguel
da Costa Guimarães, a que nos prendem
laços
d’intima amisade e de suma gratidão, enviamos d’aqui a expressão sincera da
nossa condolencia”.
In
Comércio de Guimarães, IX Ano, N.º790, de 7 de novembro de 1892
O
seu legado não se confinou à Fábrica, à proeminente atividade social ou a um
lugar na toponímia local. Costa Guimarães viveu o tempo suficiente para
transmitir aos filhos a energia de um espírito inquieto, inconformado e
ambicioso, sintonizado com o novo tempo e aberto à inovação e aos progressos
que a educação, a ciência e a tecnologia pareciam oferecer. Deixou também o
exemplo de um cidadão ativo que os filhos mais velhos seguiram ao envolver-se
com o movimento político, cultural e associativo da cidade. José Miguel como
político, dirigente associativo e industrial, Simão Costa como benemérito da
Sociedade Martins Sarmento e patrono de um prémio escolar com o seu nome, mas
também dedicado bombeiro voluntário. Foi, aliás, a sua entrega aos Bombeiros Voluntários
de Guimarães, onde assumiu funções como comandante (1894 a 1933) que lhe
concedeu um lugar na história de Guimarães. Apaixonado por automóveis aplicou
os seus dotes de mecânica à reconversão de um camião Studebaker num autotanque
de combate a incêndios. Terá sido o próprio a desenhar a transformação do veículo,
que tem o seu nome, circula e faz parte do museu daquela Associação
Humanitária.»
Paula Ramos Nogueira
Centro de Física e Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra
In: https://www.amap.pt/static/uploads/c/bth/2017/bth2017_1.pdf
Ligações externas:
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https://www.amap.pt/bth/autores/N#
http://reimaginar.webprodz.com/imagem/pt-rmgmr-cfm-1346/
Fábrica do Castanheiro no início do Século XX (AMAP)
Diploma de 1ª classe atribuído a António da Costa Guimarães, Filhos & C.ª
pela participação na Exposição Industrial de Guimarães, 1884 (AMAP)
Diploma - Medalha de prata atribuída a António da Costa Guimarães, Filho & C.ª
pela perticipação na Exposição Internacional de Viena, 1873 (AMAP)
Salão de fiação mecanizada e contínuos - Fábrica do Castanheiro. Século XX